quinta-feira, 28 de julho de 2011

"Sonho" da tia Marthinha essa noite...

Como tia Marthinha ainda não tem forças e coragem de entrar no blog, venho aqui algumas vezes para postar alguns sonhos, manifestações ou mensagens que ela gostaria de dividir com tantas mães que visitam o blog, e assim como ela, que foi tia, mãe e madrinha do Renato, a dor da perda de um ser que tanto amava... Vou deixar registrado aqui esse "sonho", se é que possa ser mesmo um sonho... Acredito que a fé nos mostra o amor, nos encoraja pra vida, e quando temos fé em nossos entes queridos que partiram, os tornamos nossos Anjos, nossos intercessores com Deus e Nossa Senhora... Por isso, precisamos tranformar nossa dor em amor! Em fé! Em força e em coragem! Para revivermos, buscando a paz para alcançarmos a plenitude da vida eterna. Assim como acredito que já esteja meu Anjo Renato...
Sonho: Oi. Essa noite eu "vi" -  se é que isso seja possível - o Renato, em forma de anjo.
Ele estava diante da porta do meu quarto, vestindo tipo uma túnica longa.
Sabia que minha visão não era física...
Chamei - gritei - pelo nome dele três vezes. Até o Everardo me "acordar".
Será que era ele?
Pode ser que seja sonho. Pode ser que tenha sido mesmo ele. Não vamos saber nunca...
O que temos de concreto é o vazio e a ausência; uma dor que dilacera o peito e a alma... e uma esperança de revê-lo um dia...

domingo, 10 de julho de 2011

Depoimento do Pe. Fabio de Melo sobre a morte de sua irmã


Este é um lindo depoimento do Pe. Fabio de Mélo, contando sobre como foi perder sua irmã. Sobre a lição de vida que isso trouxe à vida dele... Este depoimento nos mostra a sinceridade nas palavras do Pe. ao dizer o quanto dolorido foi não poder dar um ultimo adeus à sua irmã, e nos ensina a amar e viver o dia de hoje como se fosse o último... Porque você não sabe quando será que não poderá mais ver quem você ama... Todos passamos pela perda. É a única certeza que temos na vida! E a única coisa que nunca estaremos preparados para passar: perder alguém que amamos! Pensamos que teremos nossos entes por toda a vida. Eu mesmo me lembro, quantas vezes o Renato me pedia para aprender a tocar violão, falava que iria me ensinar. Mas eu nunca tive interesse. Pois pensava: "ele sempre estará aqui pra tocar pra mim, não preciso saber tocar..." E hoje estou em uma aula de violão... Ironias da vida... Por isso, devemos sim fazer, amar, perdoar HOJE! Não espere para amanhã... Diga aos seus pais que os amam a todo tempo! Aos seus amigos... Nunca devemos ter vergonha de dizer que amamos, ou fazer um carinho em um irmão, abraçar um amigo... É isso que Jesus quer de nós! E por isso ele disse: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei!" Precisamos seguir o exemplo do nosso Salvador...
Depoimento: "Eu sempre acho que às vezes na vida, a gente vive tão mal, às vezes a gente precisa perder as pessoas pra descobrir o valor que elas têm. Às vezes as pessoas precisam morrer pra gente saber a importância que elas tinham, e isso uma vez na minha vida isso aconteceu. Estava eu na minha casa de manhã, quando recebi um telefonema que minha irmã estava morta, minha irmã mais nova, cheia de vida de repente não existe mais.
Fico pensando assim, que às vezes na vida o ensinamento mais doído seja esse, quando na vida nos já não temos mais a oportunidade de fazer alguma coisa, e o inferno talvez seja isso, a impossibilidade de mudar alguma situação.
E quando as pessoas morrem já não á mais o que dizer, porque mortos não podem perdoar, mortos não podem sorrir, mortos não podem amar, nem tão pouco ouvir de nos que nos os amamos.
Eu me lembro que uma semana antes de minha irmã morrer, ela havia me ligado, foi à última vez que eu falei com ela e eu me recordo que naquele dia, eu estava apressado muita coisa pra fazer, e fiz questão de desligar o telefone rápido, sabe quando você fala, mas fala na correria porque você tem muita coisa pra fazer? E foi assim, se eu soubesse que aquela era a última oportunidade de ver minha irmã, de olhar nos olhos dela, de falar com ela, eu certamente teria esquecido toda a pressa, porque quando a vida é assim, e você sabe que é a ultima oportunidade, você não tem pressa pra mais nada, já não há mais o que eu fazer, e essa é a beleza da última ceia de Jesus.
Não há pressa, o momento é feito para celebrar, a mística da última ceia está ali, Jesus reúne aqueles que pra ele tinha um valor especial, inclusive o traidor estava lá.
E eu descobrir com isso, com a morte da minha irmã, q eu não tenho o direito de esperar amanhã pra dizer que amo, pra perdoar, para abraçar, dizer que é importante que é especial.
Não! O amanhã eu não sei se existe, mas o agora eu sei que existe, e às vezes na vida nos perdemos... Eu me lembro quantas vezes na minha vida de irmão com ela, nos passávamos uma semana sem nos falarmos, por que ouve uma briga uma confusão, a gente se dava o luxo de passar uma semana sem se falar, e hoje eu ano tenho mais nem 5 minutos pra conversar com alguém que foi importante, que foi parte de mim.
Não espere as pessoas morrerem, irem embora, não espere o definitivo bater na sua porta, nos não conhecemos a vida e não sabemos o que virá amanhã, viva como se fosse o último dia da sua história, se hoje você tivesse que realizar a sua última ceia, porque é conhecedor que hoje é o último de sua vida, certamente você não teria tempo pra pressa. Você celebraria até o fim e gostaria de ficar no lado de quem você ama. Viver o cristianismo, é fazer a dinâmica da última ceia todos os dias, viva como se fosse o ultimo dia da sua vida, viva como se fosse a ultima oportunidade de amar quem você ama, de olhar nos olhos de quem pra você é especial.
E depois que minha irmã morreu um tempo bem passado, eu descobri porque eu gostava tanto dessa música que vou cantar agora, ela não fala de um amor que foi embora, o compositor fez para a filha que morreu em um acidente, então, fica muito mais especial cantá-la e descobrir o cristianismo que está no meio das palavras, por que é assim, quando o outro vai embora é que a gente descobre o tamanho do espaço que ele ocupava. (A música é "Gostava tanto de você - Tim Maia")
Agora o triste da música é que a gente precisa conjugar o verbo no passado, a pessoa já morreu, já não a mais o que fazer, mas não tem nenhum sofrimento nessa vida que passe por nos sem deixar nenhum ensinamento,...tem que nos ensinar, não dá pra sofrer em vão, alguma coisa a gente tem que extrair...extraia o sofrimento e descubra o ensinamento. Se ele algum dia me tocou e me deixou algum ensinamento eu faço questão de partilhá-lo com você agora. Depois da morte da minha irmã eu faço questão de viver a vida como se fosse o ultimo dia.
Já que o passado é coisa do inferno e a gente não ta no passado, muito menos no inferno...resta a possibilidade de mudar o verbo de trazê-lo para o presente e de cantá-lo olhando para as pessoas que são especiais, quem sabe cantando pra ela nesse momento...se ela ta do seu lado, se você tem algum amigo que mereça ouvir isso de você, alguém que faz diferença na sua história...ao invés de você dizer que gostava, você diz que gosta!
Vamos mudar o verbo! Vamos amar a vida! Vamos amar as pessoas antes que elas vão embora! E eu...EU GOSTO TANTO DE VOCÊ! EU GOSTO TANTO DE VOCÊ!"

terça-feira, 5 de julho de 2011

Texto lindo de Caio Fernando Abreu, "Vai passar"

Li esse texto na internet, e me deixou bastante emocionada com a sensibilidade das palavras do escritor... Da forma como tudo se encaixa nesse momento que estamos passando, que é a perda, e o modo como lidamos com a vida após a perda... É bastante sensível e verdadeiro, mesmo que o título "Vai passar", que não nos deixam tão convictos disso... Mas quero deixar registrado aqui este texto que realmente me emocionou, e que vale realmente uma grande reflexão...
Texto: "Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã , mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca" . Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos . E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse é o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência . Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência" . E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer . E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços. Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio . E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho . Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça. Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa. Já não é tempo de desesperos..." (...)