quarta-feira, 27 de junho de 2012

Traumas...


"O olhar reflete o trauma que a alma traz."

Quando eu tinha uns seis ou sete anos de idade, numa tarde em casa, pedi minha mãe dinheiro pra comprar bala, chiclete, pirulito... na venda da esquina. Era tão nova, e lembro perfeitamente do dia. Ela colocou um monte de moedinhas numa bolsinha preta, e pendurou na gola da minha camisetinha. A vendinha ficava ao lado da minha casa, e o dono era pai da minha babá, então era conhecido, de confiança e eu sempre ia lá durante o dia. Nesse dia, durante o caminho, um “doido” veio em minha direção, (lembro direitinho do rosto dele de “mal”), puxou com toda força a bolsinha e me chutou. Em seguida, correu... Ele era jovem também, de uns 15 ou 16 anos, e minha mãe conhecia a mãe dele, e inclusive a ajudava dando coisa de comer e beber quando ela ia a minha casa pedir. Enfim... Estou contando essa história para explicar um grande trauma na minha vida. Hoje, não consigo ficar muito tempo em algum lugar sozinha, vendo gente “estranha” passar, que já começo a ficar sufocada! Como pego ônibus aqui em Brasília, fico muito tempo em paradas, e todos sabemos como é grande o fluxo de homens bêbados, drogados, ou “doidos” que andam pelas ruas... Isso me causa um total descontrole interno. Se eu vejo um homem se aproximando começo a rezar, fico louca!!! Tenho um medo absurdo... E isso, se dá ao que chamamos de trauma.
“Os traumas adquiridos na infância são os mais difíceis de serem solucionados, por permanecerem no plano subconsciente ou inconsciente. Na fase adulta, a pessoa adapta a sua conduta ou comportamento ao trauma do passado.” (Dra Mariagrazia Marini Luwisch).
Todos nós estamos propensos a passar por algum tipo de trauma, visto que, estes, acontecem a qualquer momento de nossa vida. Eu, particularmente, me lembro de vários acontecimentos na minha infância, que refletem perfeitamente no modo como levo a vida hoje em dia...
O acontecido, que resultou neste blog, foi o pior trauma que tive na vida. Hoje vivo todos os dias “a mil”. Afetou em várias partes do meu psicológico. 
Hoje em dia, não gosto mais de dormir com meu celular pra tocar ou vibrar, coloco no silencioso, para não ser acordada durante a noite ou pela manhã. Não suporto ouvir um celular tocando de manhã! (Foi assim que recebi a notícia no dia 30/10/2010). Aqui em casa, acionamos o alarme toda noite, e de vez em quando meu irmão mais novo se esquece de desligá-lo quando acorda (é o primeiro a acordar, por volta de 6h15 mais ou menos). Duas vezes já, ele se esqueceu de desligar. Foi sair, e o alarme disparou. Eu acordei tão assustada, comecei a me desesperar. Cobri o rosto com o cobertor, feito uma criança com medo de "monstro", fiquei ali tremendo, nervosa, até o barulho parar... E não consegui mais dormir... Aliás, não fiquei sossegada até ir à faculdade e perguntar o meu irmão mais velho o que havia acontecido, e quem havia desligado... Enfim... Ele explicou, e me acalmei. Outro dia, meu irmão mais novo se atrasou, e o motorista da van que busca ele, ligou no telefone de casa às 6h15!!! Quando eu escutei esse telefone tocar, me veio na cabeça: “alguém morreu”, “alguém sofreu acidente”, “alguma coisa muito ruim aconteceu”... 
Não tem lógica o que é sentir medo de receber uma notícia ruim! Uma das piores sensações que existem. Sem contar o que sinto também quando ligo pra alguém, mando mensagens, e esse não responde (isso quando sei que a pessoa saiu de carro, ou está em algum lugar perigoso, ou em qualquer situação que me deixe cismada), fico louca! E já vêm mil pensamentos de notícias ruins na mente... E isso é doentio, horrível de sentir...
Estou contando esses casos, dentre outros tantos que aconteceram depois do fatídico dia, e vem acontecendo vez ou outra... Isso são consequências de “traumas”. Mais precisamente, do trauma que sofri no dia 30 de outubro de 2010.
“Os traumas psíquicos podem ter consequências nas várias etapas da existência humana. Um trauma psicológico é algo que não deixa marcas físicas expostas no corpo ou que podem ser vistas através de algum exame, porém, suas consequências podem tomar dimensões significativas, prejudicando não só a infância, como a adolescência e a vida adulta do sujeito.” (Dra Joselaine de Fátima G. Garcia).
Precisamos procurar conversar com profissionais que nos ajude a amenizar a ansiedade, o “descontrole” emocional, e a aprender a equilibrar esses medos. Seja com orações, ou qualquer maneira que você se sinta protegido e seguro...
Viver com a dor da saudade já é terrível. Ainda ter de suportar a viver com MEDO da vida, é angustiante...
Gostaria que, quem puder, deixe nos comentários algum trauma sofrido durante a vida. Além de ser uma forma de desabafar, é também um meio de dividirmos essas dolorosas experiências... Também indico a quem sofre com esse transtorno, que pesquise na internet sobre o assunto, ou procure um profissional que o ajude a esclarecer melhor.
Obrigada a todos...